24.10.11
A Líbia que a mídia escondeu pra justificar a carnificina das grandes potências
21.9.11
19.9.11
Por que não se investe em educação nesse país?
24.8.11
O Telefone
12.8.11
Para os estudantes da UFJF
ATO PELA ABERTURA DO R.U.
que susto... o R.U. não acabou... está em GREVE!
Se no século passado, nós estudantes não estivéssemos do lado dos professores e T.A's com apoio total e lutando JUNTOS, vocês hoje, estudantes e diretores do DCE não teriam mais R.U. para almoçar. O governo FHC fez de tudo o que podia para acabar com as universidades e os R.U's eram sempre o primeiro alvo.
Foi graças a unidade nas lutas, entre T.A's, estudantes e professores que se conseguiram os pouquíssimos mas, importantes avanços na defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
Colocar estudantes contra os trabalhadores em greve não ajuda em nada a resolver o problema da greve, a melhorar a qualidade da educação,nem ao direito de alimentação do estudante. Só enfraquece a luta.
Interessante que estudar sem R.U.não dá... mas, dá pra estudar sem laboratórios? sem biblioteca? sem funcionários? sem banheiros?
Ôh moçada, está na hora é de compor nesse luta, não rachar.
Estudantes, T.A's e Professores formam a Universidade e juntos têm força de negociação. Apelar para o enfrentamento dessas forças, uma contra a outra, dissolve conquistas, não avança na melhoria da educação, não abre R.U.
Querem que o R.U. volte a funcionar? Apoiem a GREVE, ajudem a cobrar do governo as reivindicações dos trabalhadores, manifestem-se em apoio aos T.A's, exijam o fim da greve com conquistas para a Universidade, pensem no coletivo e não apenas em si mesmos.
Hoje escrevo aqui com orgulho dos dias de fome para que vocês tenham ainda R.U. Espero que um dia vocês possam sentir o mesmo e não murchar a orelha de se lembrarem que fomos uma das últimas turmas que tinham R.U. para almoçar...
Pensem nisso!
28.4.11
Um Blues para ninguém
Cá estou eu no quarto de hotel
Tomando um Domeq com gelo
Tudo bem... conhaque não combina com gelo
Mas eu também não combino com esse mundo
Lá fora o rio corre manso
E a lua reflete nas águas
E eu refletindo na vida
O quarto escuro, a fumaça do cigarro queimando
Na TV um tiroteio
Na Internet uma mulher que não sei quem é
Nada real, nada...
Nem a melodia que invade minha mente
Um blues, um trago, um gole
Um copo, um cinzeiro, ninguém.Estou ouvindo...
Um grito surdo
Como se procurasse um caminho
Ecoando
9.1.11
6.1.11
A pobreza da riqueza
Por Cristóvam Buarque
"Em nenhum outro país os ricos demonstram mais ostentação que no Brasil. Apesar disso, os brasileiros ricos são pobres. São pobres porque compram sofisticados automóveis importados, com todos os exagerados equipamentos da modernidade, mas ficam horas engarrafados ao lado dos ônibus de subúrbio. E, às vezes, são assaltados, sequestrados ou mortos nos sinais de trânsito. Presenteiam belos carros a seus filhos e não voltam a dormir tranquilos enquanto eles não chegam em casa. Pagam fortunas para construir modernas mansões, desenhadas por arquitetos de renome, e são obrigados a escondê-las atrás de muralhas, como se vivessem nos tempos dos castelos medievais, dependendo de guardas que se revezam em turnos.
Os ricos brasileiros usufruem privadamente tudo o que a riqueza lhes oferece, mas vivem encalacrados na pobreza social. Na sexta-feira, saem de noite para jantar em restaurantes tão caros que os ricos da Europa não conseguiriam frequentar, mas perdem o apetite diante da pobreza que ali por perto arregala os olhos pedindo um pouco de pão; ou são obrigados a restaurantes fechados, cercados e protegidos por policiais privados. Quando terminam de comer escondidos, são obrigados a tomar o carro à porta, trazido por um manobrista, sem o prazer de caminhar pela rua, ir a um cinema ou teatro, depois continuar até um bar para conversar sobre o que viram. Mesmo assim, não é raro que o pobre rico seja assaltado antes de terminar o jantar, ou depois, na estrada a caminho de casa. Felizmente isso nem sempre acontece, mas certamente, a viagem é um susto durante todo o caminho. E, às vezes, o sobressalto continua, mesmo dentro de casa.
Os ricos brasileiros são pobres de tanto medo. Por mais riquezas que acumulem no presente, são pobres na falta de segurança para usufruir o patrimônio no futuro. E vivem no susto permanente diante das incertezas em que os filhos crescerão. Os ricos brasileiros continuam pobres de tanto gastar dinheiro apenas para corrigir os desacertos criados pela desigualdade que suas riquezas provocam: em insegurança e ineficiência.
No lugar de usufruir tudo aquilo com que gastam, uma parte considerável do dinheiro nada adquire, serve apenas para evitar perdas. Por causa da pobreza ao redor, os brasileiros ricos vivem um paradoxo: para ficarem mais ricos têm de perder dinheiro, gastando cada vez mais apenas para se proteger da realidade hostil e ineficiente.
Quando viajam ao exterior, os ricos sabem que no hotel onde se hospedarão serão vistos como assassinos de crianças na Candelária, destruidores da Floresta Amazônica, usurpadores da maior concentração de renda do planeta, portadores de malária, de dengue e de verminoses. São ricos empobrecidos pela vergonha que sentem ao serem vistos pelos olhos estrangeiros.
Na verdade, a maior pobreza dos ricos brasileiros está na incapacidade de verem a riqueza que há nos pobres. Foi esta pobreza de visão que impediu os ricos brasileiros de perceberem, cem anos atrás, a riqueza que havia nos braços dos escravos libertos se lhes fosse dado direito de trabalhar a imensa quantidade de terra ociosa de que o país dispunha. Se tivesse percebido essa riqueza e libertado a terra junto com os escravos, os ricos brasileiros teriam abolido a pobreza que os acompanha ao longo de mais de um século. Se os latifúndios tivessem sido colocados à disposição dos braços dos ex-escravos, a riqueza criada teria chegado aos ricos de hoje, que viveriam em cidades sem o peso da imigração descontrolada e com uma população sem miséria.
A pobreza de visão dos ricos impediu também de verem a riqueza que há na cabeça de um povo educado. Ao longo de toda a nossa história, os nossos ricos abandonaram a educação do povo, desviaram os recursos para criar a riqueza que seria só deles, e ficaram pobres: contratam trabalhadores com baixa produtividade, investem em modernos equipamentos e não encontram quem os saiba manejar, vivem rodeados de compatriotas que não sabem ler o mundo ao redor, não sabem mudar o mundo, não sabem construir um novo país que beneficie a todos. Muito mais ricos seriam os ricos se vivessem em uma sociedade onde todos fossem educados.
Para poderem usar os seus caros automóveis, os ricos construíram viadutos com dinheiro de colocar água e esgoto nas cidades, achando que, ao comprar água mineral, se protegiam das doenças dos pobres. Esqueceram-se de que precisam desses pobres e não podem contar com eles todos os dias e com toda saúde, porque eles (os pobres) vivem sem água e sem esgoto. Montam modernos hospitais, mas tem dificuldades em evitar infecções porque os pobres trazem de casa os germes que os contaminam. Com a pobreza de achar que poderiam ficar ricos sozinhos, construíram um país doente e vivem no meio da doença.
Há um grave quadro de pobreza entre os ricos brasileiros. E esta pobreza é tão grave que a maior parte deles não percebe. Por isso a pobreza de espírito tem sido o maior inspirador das decisões governamentais das pobres ricas elites brasileiras.
Se percebessem a riqueza potencial que há nos braços e nos cérebros dos pobres, os ricos brasileiros poderiam reorientar o modelo de desenvolvimento em direção aos interesses de nossas massas populares. Liberariam a terra para os trabalhadores rurais, realizariam um programa de construção de casas e implantação de redes de água e esgoto, contratariam centenas de milhares de professores e colocariam o povo para produzir para o próprio povo. Esta seria uma decisão que enriqueceria o Brasil inteiro - os pobres que sairiam da pobreza e os ricos que sairiam da vergonha, da insegurança e da insensatez.
Mas isso é esperar demais. Os ricos são tão pobres que não percebem a triste pobreza em que usufruem suas malditas riquezas".